Eu não quero negar
nenhum desejo lido como fraco
Se sou forte o suficiente para desejar
ainda respiro
O céu é vazio hoje e respirar serve
O pouco amor que ainda me resta
murcha todo dia um pouco mais
envenenando o solo dos meus dias
Esses em que lembro que nunca mais
E o aperto é agudo como se existisse
Como a rua que subi inúmeras vezes
Que vai se esfarelar até que o mundo acabe
sem que eu torne a vê-la
Mas alguém vai viver lá, e depois
vai esquecer, e outro alguém vai
Não sou como a rua, sou muito mais imaterial
Darei e passarei, e nem mesmo eu perceberei, perecerei
Como não percebo, pereço todos os dias
Pois estou preso em meus desejos
Em meus fracos desejo de que de novo
ou de que uma vez, ou de que nunca.